8 de Março: uma data para se lutar, na Odontologia e na vida!

Longe de significar uma data festiva, como muitos atribuem, o dia 8 de março é dia de luta.

Longe de significar uma data festiva, como muitos atribuem, o dia 8 de março é dia de luta. Surgiu em função da luta das mulheres contra a opressão, a exploração e o preconceito, em diversos momentos e em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, por meio de grupos anarquistas que, no início do século 20, buscavam, como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida.

Na odontologia, a presença da mulher sempre foi marcante. De acordo com o último censo do IBGE, em 2010, apenas 31% dos dentistas formados eram homens, sendo as mulheres a absoluta maioria: 69% em nível nacional. O estudo Características da Mulher em Goiás, promovido pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), em março de 2013, apontou a Odontologia como a 14º graduação mais concluída por mulheres: 3.438 formandas, o que correspondia a 1,5% do universo feminino que havia concluído o ensino superior no Estado.

Também em 2013, o IMB também apontou que em cargos de direção, em ocupações que predominam a presença masculina, os homens possuem salários maiores, recebendo quase o dobro de uma mulher. O estudo mostrou que, quanto menor a qualificação, menor a disparidade de ganhos entre homens e mulheres. Essa disparidade aumenta à medida que a qualificação exigida é maior, mesmo que sejam espaços profissionais predominantemente ocupados por mulheres, como os setores das Ciências, das Artes e Serviços.

Para o Sindicato dos Odontologistas no Estado de Goiás (Soego), esses indicadores demonstram o quanto é necessário avançar na promoção de uma sociedade que respeite as diferenças entre homens e mulheres, sem promover desigualdades. Nesta perspectiva, o Soego faz um resgate das mulheres que, à frente de seu tempo, foram além das estatísticas, ocupando cargos de direção nas entidades da Odontologia em Goiás e que deixaram impressa sua história de luta no comando de instituições como o Conselho Regional de Odontologia (CROGO), a Associação Brasileira de Odontologia – Seção Goiás (ABO-GO) e o Sindicato dos Odontologistas no Estado de Goiás (Soego).

Mulheres na linha de frente

Dra. Ronda de Souza Cavalcanti, que presidiu o CROGO de 1984 a 1986. (Arquivo/Soego)

“A gente teve que enfrentar uma certa resistência, porque a mulher já era presente na profissão, só que a representatividade dela era na parte social e não na direção. Se naquela época era preciso haver uma maior participação das mulheres nas entidades, hoje essa necessidade é ainda maior. Existem diferenças que precisam ser abordadas e, se a mulher não está na linha de frente, não são os homens que irão fazer isso”, afirma a cirurgiã-dentista Ronda de Souza Cavalcanti, que presidiu o CROGO de 1984 a 1986.

No centro da foto, Dra. Graciara Matos de Azevedo, que presidiu o CROGO de 1982 a 1984. (Arquivo/Soego)

Ela assumiu na época a direção do CROGO das mãos de outra mulher, a cirurgiã-dentista Graciara Matos de Azevedo, que presidiu o Conselho de 1982 a 1984. “Pertenço a uma geração moldada por movimentos que pregavam a igualdade e a liberdade. Estar à frente de nossa entidade profissional no começo dos anos 80 foi instigante, como trabalhadora e cidadã. Vivíamos um momento de luta no País, por mudanças e por garantia de direitos. Os desafios foram grandes, não somente pela condição de ser mulher, mas construímos pautas que fortaleceram a Odontologia, em que pese o conservadorismo da categoria, à época”, relembra Graciara.

O “bom combate” também foi assumido pela cirurgiã-dentista Walgney Alves Gomes Santos, que presidiu a ABO-GO de 2001 a 2002 e de 2003 a 2005. Na galeria dos ex-presidentes da entidade, que homenageia as direções anteriores, ela é a única mulher a figurar entre retratos masculinos, de 1953 até os dias atuais.

“Por longo tempo, a Odontologia foi considerada uma profissão masculina, mas justo nos anos 80 esse quadro começou a mudar, com o maior acesso à formação. Hoje temos uma profissão onde a maior força de trabalho é feminina. Ampliamos nosso campo de atuação no mundo do trabalho. É preciso considerar ainda que hoje nossa Faculdade de Odontologia da UFG, umas das maiores referências de nossa formação profissional no Estado e no país, tem à sua frente uma grande mulher, a professora Enilza Mendonça”, enfatiza Graciara.

Dra. Walgney Alves Gomes Santos, que presidiu a ABO-GO de 2001 a 2002 e de 2003 a 2005. (Arquivo/Soego)

Na luta sindical
“Embora na profissão a maioria da categoria fosse formada por cirurgiãs-dentistas, a realidade sindical era bem diferente. Era um terreno, e ainda é, fortemente masculino. Isso se refletia, inclusive, nos momentos de negociação”, relata a ex-presidente do Soego, por três mandatos (2003/2012), Shirley Ferreira Silva.

Duas décadas antes, seria também uma mulher a assumir a direção do Soego, no período recém-saído dos “anos de chumbo”. A cirurgiã-dentista Hosana Ramos Zakynthinos conduziu a entidade de 1983 a 1986, pegando o final do governo militar (Figueiredo) e o início do governo indireto com Sarney, que assumiu em 1985.

“Naquelas condições, dirigir o sindicato e levar as reivindicações da categoria em suas lutas específicas foi fácil, já que vínhamos de uma experiência de luta e resistência na ditadura por um longo período. A sociedade estava mobilizada e organizada para consolidar a democracia arduamente conquistada. Na época ninguém se preocupava com a questão de gênero, principalmente no movimento sindical. A discriminação era pelas posições políticas progressistas”, contextualiza.

Dra. Hosana Ramos Zakynthinos, que conduziu o Soego durante a redemocratização do país. (Arquivo/Soego)

Já o momento atual, revela novos olhares. “A mulher conquistou e consolidou espaços em todos os setores da sociedade. No Brasil e em vários países elas já foram ou são dirigentes máximos. Em muitos países elas são maioria nos parlamentos. Isso não foi um presente, foi uma conquista. Os espaços políticos estão ocupados pelos homens há milênios. É obvio que a misoginia aflora, agride e violenta”, pontua Hosana.

Para Shirley, apesar dos avanços, a mulher ainda sofre forte preconceito, especialmente no universo sindical. “O sofrimento da mulher à frente das entidades é só o reflexo do preconceito que ela enfrenta na sociedade. E quanto mais nós demonstramos nosso poder, nossa vaidade, maior preconceito sofremos em relação à nossa capacidade intelectual e de luta”, considera.

Reforma da previdência: um golpe contra as mulheres
“A proposta de reforma da previdência liquida com o sistema previdenciário no Brasil para todos os brasileiros. Essa proposta vem ao encontro dos interesses dos banqueiros. É uma forma que a elite e os golpistas lançam mão para pagar a conta pelo apoio que tiveram para derrubar o governo legítimo. Faz parte do projeto neoliberal, que quer passar a previdência para a iniciativa privada. Caso se consolide, neste projeto perdemos todos, homens e mulheres”, acredita Hosana.

Dra. Shirley Ferreira Silva, presidente do Soego, por três mandatos. (Arquivo/Soego)

Mas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o prejuízo para as mulheres será muito maior. Dados destacados no estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgado no último dia 6 de março, mostram que as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana, devido à dupla jornada. O estudo é feito com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

“Sob todos os pontos de vista a proposta do governo Temer, de reforma da previdência, é um golpe contra os brasileiros, em especial contra as mulheres, que possuem dupla, tripla jornada e cada vez mais são chefes de família. Além disso, a condição física da mulher requer mais cuidados. O governo está simplesmente fazendo vista grossa para todas essas situações”, adverte Shirley.

Os números confirmam a fala da sindicalista. Segundo o Ipea, o mesmo estudo revela que em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40%, ou seja, quase a metade dos lares brasileiros.

“O que se vê hoje no Brasil é que o poder foi tomado pela elite fascista e conservadora, e que seus asseclas que estão tirando todas conquistas obtidas pelas lutas populares desde Getúlio Vargas. Lamentavelmente em um momento de refluxo dos movimentos populares. Isso exige de cada uma de nós, mulheres, a capacidade de resistir e se preparar para continuar lutando hasta la victoria, siempre”, destaca Hosana.

Mulheres e homens de luta da Central de Odontologia, na última greve dos servidores estaduais da Saúde. (Arquivo/Soego)

O Sindicato dos Odontologistas homenageia e honra todas as mulheres que, na Odontologia, construíram seu espaço de atuação na sociedade, dentro e fora dos consultórios e das entidades, e que canalizaram sua competência, seu espírito de luta, de força e de resistência na tentativa de tornar o mundo um lugar melhor, mais justo e mais humano para se viver.

Neste 8 de maio, homens e mulheres estarão unidos em uma mesma luta contra a sobrecarga de trabalho, a remuneração inferior, a violência doméstica, a intolerância, o preconceito e a baixa qualidade na representação política. “Não vamos aceitar nenhum tipo de reforma, seja previdenciária, seja trabalhista, que escravize mulheres e homens, que retire nossos direitos e que nos negue, no dia de amanhã, o trabalho e a possibilidade de nos aposentarmos com o mínimo de dignidade”, finaliza Shirley.

Veja como a Reforma da Previdência pode acabar com os seus direitos:
-A idade de aposentadoria aos 65 anos será a mesma para homens e mulheres em qualquer atividade ou profissão;
-Não haverá mais a diferença de 5 anos entre homens e mulheres para se aposentar;
-Fim da aposentadoria especial para os/as professores/as da educação básica;
-Redução dos valores de pensões por morte, destinadas às viúvas e às filhas de segurados do INSS falecidos;
-Fim da acumulação de pensão e aposentadoria;
-Aposentadoria integral somente após 49 anos ininterruptos de contribuição.

Com a Reforma da Previdência, o governo TEMER quer tirar das mulheres, e de toda a população brasileira, o direito à aposentadoria.

TEMOS QUE REAGIR AGORA! OU ENTÃO, TEREMOS O RESTO DA VIDA PARA NOS ARREPENDERMOS, SEM APOSENTADORIA, SEM TRABALHO E SEM DIGNIDADE!

Hasta la victoria, siempre!

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