O Estado do Rio de Janeiro já é o segundo com maior porcentagem de beneficiários no segmento de planos odontológicos, segundo o último levantamento feito pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A região tem hoje mais de três milhões de beneficiários – o que representa o dobro de crescimento em cinco anos, já que em 2009 este número era de apenas 1,6 milhão.

Com o aquecimento do mercado, cresce também o índice de reclamação dos consumidores que, no primeiro trimestre de 2014, registrou aumento de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, ainda de acordo com os dados da ANS. A principal queixa dos pacientes são as dificuldades de acesso aos serviços em função de alguns mecanismos de regulação impostos pelas operadoras.

Apesar dos números favoráveis, os dentistas não têm sido impactados positivamente com o aumento de beneficiários. Segundo Outair Bastazini, membro do Conselho Federal de Odontologia, o repasse das operadoras de planos odontológicos aos dentistas não cobre o custo da grande maioria dos procedimentos executados nas clínicas. “Essa deficiência no repasse prejudica o profissional e o próprio paciente, pois os custos acabam sendo repassados para aqueles que realizam consultas particulares ou então é necessário realizar um número infinitamente maior de atendimentos por dia para que o consultório consiga se manter”, afirmou Bastazini.

Na tentativa de solucionar o problema e debater o assunto, um grupo de dentistas se reuniu na última quinta-feira, em Volta Redonda. Na ocasião, o subsecretário de Saúde do município de São João de Meriti/RJ, Renato Gonçalves, explicou que o objetivo do grupo – denominado “Da Boca Pra Dentro” –  é buscar alternativas eficazes de aproximação com a ANS para que sejam atendidas as necessidades dos consumidores e dos profissionais da área. “A ANS precisa regulamentar a comercialização dos planos odontológicos e o repasse justo e devido, de modo que o paciente tenha seus direitos assegurados e nós, dentistas, possamos oferecer um tratamento de excelência”, salientou Renato, acrescentando que a ausência dessa discussão entre as partes envolvidas para fomentar mudanças efetivas acaba prejudicando tanto os consumidores dos planos odontológicos, quanto os profissionais da área. Ambos não recebem o que lhes é de devido direito – um tratamento de qualidade e o valor justo pela execução seu trabalho – respectivamente.

“Da boca pra dentro”
O movimento ‘Da Boca pra Dentro’ já realizou encontros na cidade do Rio de Janeiro e em outros municípios do interior e pretende impactar a classe de dentistas, bem como a população como um todo para dar voz a esse debate. “É preciso levar esse assunto à tona para que a gente consiga, de fato, uma atenção maior da ANS, e a participação da cidade de Volta Redonda, bem como de toda Região Sul Fluminense é crucial para darmos voz a esse debate.”, completou Bastazini.

O grupo foi criado por profissionais com experiência na área de odontologia em diferentes setores que a profissão engloba, como a área pública, acadêmica, atendimento clínico e até participantes do próprio Conselho Regional (CRO). Como essência, visam atender os anseios dos profissionais abordando e discutindo pautas de melhorias para o segmento odontológico em todas as esferas. Além da proposta do diálogo sobre os planos odontológicos, o grupo também propõe uma aproximação com as universidades e com os recém-formados, por meio de um projeto que, defende a isenção da taxa de registro no 1º ano de formação do profissional no Conselho Regional de Odontologia (CRO) e, progressivamente, haveria o reajuste do valor até chegar à taxa integral. O grupo acredita que é uma forma de contribuir para o desenvolvimento do dentista e de acolhê-lo de fato na organização.

Fonte: FIO

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